O cenário político em torno do projeto de lei (PL) da anistia para os envolvidos nos atos de 8 de Janeiro está se acirrando. A oposição, especialmente parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), intensificou a pressão para que a proposta avance na Câmara dos Deputados, principalmente após a condenação de Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por chefiar um plano de golpe de Estado após as eleições de 2022. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), quer pautar o requerimento de urgência e levar o tema à reunião de líderes em 16 de setembro. No entanto, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), resiste à ideia.
A articulação ganhou novo impulso com a entrada do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que deve ir a Brasília intensificar negociações em defesa da anistia. Ainda assim, o governo federal, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já atua para barrar o avanço da proposta no Congresso. A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), reuniu ministros para reforçar a base aliada e garantir que o projeto seja derrotado, caso vá a plenário. Governistas avaliam que, mesmo se a anistia avançar na Câmara, será barrada no Senado, onde o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AL), se opõe firmemente à ideia e estuda apresentar uma proposta alternativa.
Aliados do governo acreditam que o tema da anistia é uma pauta restrita à extrema direita e enxergam na mobilização bolsonarista uma tentativa de criar instabilidade política, econômica e social no país. O deputado Rogério Correia (PT-MG) afirma que a movimentação da oposição não deve prejudicar o andamento de pautas prioritárias do governo, como a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, que deve ser votada até o fim de setembro.
Embora o governo não descarte a possibilidade de o PL da anistia ser pautado, sua estratégia é derrotá-lo no voto e encerrar a discussão antes das eleições de 2026. Já a oposição, mesmo pressionando pela urgência da matéria, enfrenta resistências tanto na Câmara quanto no Senado, o que pode dificultar significativamente o avanço da proposta.