Atingido por uma bala perdida durante a comemoração do Ano Novo, o menino Matheus Souza Hohne, de 9 anos, recebeu alta após nove dias internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com um projétil alojado no pescoço.
De volta à casa da família, na Zona Leste de São Paulo, o garoto tenta se adaptar à nova rotina, sem parte do movimento do braço e da perna direita.
“Tô me sentindo, assim, mais acomodado, mas… dói tudo, braço, perna, bumbum, corpo”, relatou a criança.
A avó do menino, dona Francisca, se sente aliviada com o retorno do neto para casa na semana passada, mas ainda não se recuperou emocionalmente da situação vivenciada nas primeiras horas de 2025.
Eu vou ser bem sincera, ainda não estou 100% recuperada de tudo, mas estou bem mais aliviada, mais feliz de ele estar aqui em casa. Está fácil? Não, ainda não, mas estamos conseguindo ajudar ele a se recuperar. Eu tô muito esperançosa, com muita fé de que tudo vai ficar bem, de que tudo vai dar certo, que ele vai voltar a andar e fazer tudo aquilo que ele gosta de fazer
“Só de ele estar aqui, já preencheu o espaço que estava faltando”, disse a avó.
O tiro atingiu a vértebra C7 de Matheus, na coluna cervical. Devido à localização sensível da bala, os médicos avaliaram que seria mais seguro não removê-la por enquanto.
Segundo o ortopedista Robert Meves, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, o quadro do menino requer acompanhamento periódico e muita reabilitação, uma vez que perda de sensibilidade e de força motora podem ocorrer.
Além do tratamento com profissionais, a família também busca estimular o garoto com coisas que ele já gostava de fazer, como jogar videogame para fortalecer o movimento e a coordenação da mão direita.
“Nós estávamos aqui no portão, na calçada mesmo, vendo os fogos. Aí acabaram os fogos, e a gente entrou. E ele e o pai dele ainda ficaram na calçada, brincando com aquelas bolinhas que fazem barulho, a ‘biribinha’. E nisso, chamamos para entrar. Eles entraram. E quando ele [Matheus] vinha pra entrar, ele caiu. Na hora, o pai já catou ele do chão, a mãe já pegou. Começou a sair muito sangue”, relatou a avó.
No Hospital Sapopemba, o menino recebeu alguns pontos no local do ferimento e, em seguida, foi transferido para o Hospital Vila Alpina, onde foi submetido a uma tomografia. Somente após o exame a família descobriu que havia uma bala alojada na cabeça dele.
Por conta do convênio médico, Matheus foi transferido para o Hospital Santa Helena, de São Bernardo do Campo.
O caso foi registrado como tentativa de homicídio no 69° Distrito Policial de Teotônio Vilela. A Polícia Civil busca identificar quem foi o responsável pelo disparo.
Próximo à casa de Matheus, há uma praça que estava lotada de pessoas comemorando o Ano Novo na quarta-feira. Uma das hipóteses da investigação é de que o tiro possa ter sido disparado de lá.